Vivo irrealizado do que sinto,
Do que sei e do que vejo.
Sobre a mais tensa escuridão de um olhar,
Frio e insensivel.
Não sei como posso ser assim,
Sem emoções,
Sem vida em mim.
Como se de uma pedra me tratasse
E de gelo fosse feito.
Nada ressalta em mim
Nem amor nem paixão,
Nem ódio ou ternura.
Tudo o que chamam de sentimentos,
Passa e não fica.
Pareço imune a tudo,
Nada me contacta.
Até q ela aparece,
Ser virtual na minha cabeça.
Não existia até então,
Não consigo perceber como possa ser real,
Senão já me teria aparecido.
No entanto a sua forma desprovida de censura,
Ao passar, é absorvida pelo meu olhar
E tudo em mim se derrete,
Numa torrente furiosa
De emoçoes estranhas,
De completo alucínio e perda de lucidez.
Perco o rumo, a cabeça sai do lugar,
Rolando para um mundo paralelo
Onde só ela se encontra.
Sinto-me agora perdido,
Desprovido de razão ou lógica.
Tudo o que aprendi até agora
Deixou de fazer sentido.
Ela tem de saber o que me faz!
Mas não consigo falar...
As simples palavras que até então a todos dirigia,
Estão bloquedas por um medo
De rejeicão, nunca antes sentido.
Sinto as veias a palpitar,
O sangue a correr a adrenalina a disparar!
Ela desaparece da minha vista,
E no entanto sei tds os seus contornos,
Completamente vivos na minha memória.
Poderia fazer uma pintura dela se soubesse pintar,
Podia escrever sobre ela se conseguisse
Achar palavras para a descrever.
Apenas consigo passar o que senti então,
Um simples ser preso ás garras da paixão.