quinta-feira, março 30, 2006

Rebanho dos infernos

Rebanho dos infernos,
Que vindes agora cuidar
Deste teu pobre servo ineficaz,
Com a alma já rendida
A uma pobre vida.

Sinto a falha da rocha,
A desvanecer sobre mim,
E fazer recair em mim ténues linhas,
De versículos escritos em tempos idos.

Génios de procriação
E controlo mental,
Seguem as longas hostes,
Que descuram do seu propósito primeiro.

Tentando relegar a humanidade
Á sua mediocridade,
Seguidos nestes caminhos complexos,
De desígnios desprendidos,
De uma vida moralmente correcta.

Ceifam mediaticamente
As novas sementes.
Que tentam nascer nesta podridão imensa,
Que avassala tudo o que se lhe opõe.

Nada disto pode ser vencido
pela contrariedade.
É tal o ódio que ai reside,
Que so por um amor maior,
Pode ser combatido.

Sementes da vida

Colhidas as sementes da vida,
Cultivadas aos sete ventos,
De dias vindouros
Florescem na aurora do dia.

Controlados rebentos,
A agua que lhes dão
É suja pouco vitaminada,
A terra é corrupta
E a atenção que recebem,
É dada por imagens repetidas
De vidas descabidas.

Ver crescer assim algo é triste.
Não há vitalidade neste crescimento,
Envolta em penumbra floresce doente,
Com medo do próprio sol,
Que vê poucas vezes,
Por entre hastes que moldam o seu crescer.

E assim que florescem as novas sementes da vida.
Trazidas de berços já corruptos,
Ajudados a criarem-se,
Por uma infinita capacidade de julgar e odiar.
O que sairá então desta estufa?

Flores trites.
Que nem entre si se conseguem entrelaçar,
Separadas á nescença
E moldadas de maneira tão restrita,
São apenas fragmentos do que deviam ser.
Crescidas apenas para procriar,
Mais sementes para se ver crescer.